Pelotas – Porto Alegre (RS) – Travessia

 

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A face do frio

Era sexta-feira dia 29 de abril. Tudo indicava para um final de semana tranquilo. Eu estava começando a planejar um possível destino para um pedal “curtinho”. Havia também um festão de um grande amigo no sábado. Tudo evidenciava um final de semana “normal”. Até que o telefone toca no meio da manhã…

Resumindo

Sexta-feira

10:00 – Velejador Cristiano Hanke convida para travessia Pelotas – Porto Alegre. O barco do comandante Paulo Angonese encontra-se lá após participação em regata local.

Ambos estes velejadores dispensam apresentações, Cristiano pela sua reputação em regatas, Paulo pelas regatas e pelo seu espirito explorador, que tem em seu currículo náutico praticamente todas as lagoas e recantos do “Mar de Dentro”.

12:00 – Retorno a ligação com a minha recusa em participar da travessia. Em função da família e da festa.

13:00 – Em nova ligação Cristiano, me comunica que não aceita minha recusa. Aceito o convite.

Sábado

15:00 estávamos embarcando em ônibus de Porto Alegre para Pelotas.

20:00 embarcados e soltando as amarras do Kauana III, um belo Muller 315.

Vencemos o Canal de São Gonçalo, 5 milhas, em 55 minutos. Decidido foi que passaríamos a noite ancorados na junção do canal com a Lagoa dos Patos.

Domingo

5:30 o dia amanhecendo e chimarrão, recolher a ancora e partir.

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Crepúsculo Matutino – motivo de muitas discuções

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A previsão do vento, sábado era de rajadas próximas a 30 nós, diminuindo no domingo. E diminuiu muito rápido. Içadas as velas, com o motor ligado. O vento era praticamente inexistente.

Faina a bordo, foi mínima.

O lado positivo é que a Lagoa dos Patos estava sem ondas. O frio porém esteve presente durante todo o percurso.

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Sol marcando presença cedo pela manhã
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Balão subiu
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O “varal”
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Piano

 

Faces do Frio

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Cristiano Hanke
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Paulo Angonese

A vigília durante a noite foi a parte mais dura. Frio, escuro. O piloto automático mantinha o rumo correto. Porém era preciso estar atento a eventuais embarcações e possíveis obstáculos. Em um dado momento, fiquei sozinho no cockpit, os demais tripulantes formam descansar, ou se abrigar do frio. Não sei quanto tempo fiquei só, recordo de ficar até as 4h da madrugada, quando entreguei o posto ao Cristiano.

Navegar durante o período noturno, é questão de confiança. É preciso confiar nos equipamentos que nos servem de guia. Questionar também a acuracidade dos mesmos e se estes foram programados corretamente.  Pois não vemos quase nada do que esta à nossa frente. Seguimos os pontos plotados no GPS. É uma navegada “cega”.

A chegada em Porto Alegre, no clube dos Jangadeiros se deu exatamente as 6h da manhã de segunda-feira. Após colocar as amarras em posição, segui para casa, banho e escritório. As 7:30 eu já estava trabalhando. Quanto ao sono. Esse ficou para depois.

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Chico, levei comigo o convite da tua festa. Grande abraço para o amigo!!

 

RESUMO

143 mn navegadas

1 dia 9h46m embarcado

Dificuldade: Moderada

1 sorriso no rosto

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Clique no mapa para o track GPS

 

Trilha da Lua Cheia – Varzinha (RS) – Bike

Jamais imaginei a surpresa que me aguardava, quando iniciei este pedal. Estava buscando uma trilha mais distante, na região de Itapuã / Varzinha. No caminho para esta possível trilha… Passei pelo pórtico abaixo, que indicava a entrada da Trilha da Lua Cheia.

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Foi uma imensa surpresa. Não me lembro de fazer qualquer trilha, com uma sinalização do início tão convidativa. Precisei de meio segundo para decidir, trocar o meu objetivo do dia. A porteira aberta, era simplesmente irresistível.

Fui progredindo lentamente, empurrando a bicicleta. A trilha é ideal pra caminhada.

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Trilhando
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Segue a trilha

A medida em que se avança, é possível chegar um local para contemplação, com uma linda vista do Rio Guaíba.

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Bancos
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Vista

Prosseguindo na trilha a vegetação começa a ficar mais densa / “fechada”.

 

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Trecho com mato “fechado”
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Tunel

Porém é pequena a distância percorrida sob condições “fechadas de vegetação”. Logo a trilha “abre” novamente, sendo possível ver o céu.

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Flores aéreas

Seguindo a trilha, esculturas, caminhos de pedra, simbolismos religiosos, ossadas, informações relativas à vegetação em placas, podem ser observados.

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Esculturas
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Caminho de pedras
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Ossada
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“Preto Velho” simbolo da Umbanda

A trilha tem pouco mais de 1km, e pode ser percorrida caminhando em menos de uma hora. Acredito que fazer a mesma durante o período noturno, com a luz da Lua cheia, deve adicionar um toque especial. Se esta for a proposta, eu aceitaria um eventual convite para percorre-la novamente. Busque pelo ponto LUA, é o início da trilha.

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Aproveito este momento e quero deixar os meus sinceros parabéns ao idealizador desta trilha e o fato de deixar a mesma aberta à visitação.

 

Chegando até a Trilha da Lua Cheia.

Chegar foi fácil. Pedalando até Itapuã. Condições climáticas favoráveis.

Retornando após a trilha.

Aqui deu problema. O contra vento se apresentou com uma força acima do aceitável. Travando o progresso. Somado ao fato de que eu não havia feito nenhuma refeição desde que o dia iniciou. Acordei cedo e parti, apenas com água. Repetindo erros passados. Minha energia esgotou. Pedalava dois a três quilômetros e tinha de parar. Verifiquei o orçamento… E desde a última grande pedalada para a Pedra Equilibrada, onde consumi todos os recursos que ficam junto as ferramentas que levo para pedalar… Não fiz a reposição de dinheiro…

Revirei todo este compartimento, para me certificar que não havia mesmo algum $$ perdido, ou uma pequena barra de chocolate… e achei somente R$ 0,80 (oitenta centavos). Parei sofregamente no posto de combustível que fica na entrada da Restinga e lá adquiri com todos os recursos disponíveis 5 balas salvadoras. Depois de mastigar duas, deixei as demais dissolvendo na boca à medida que pedalava. Impressionante o que um punhado de açúcar faz ao chegar na corrente sanguínea. Pedalei os 10km finais sem mais paradas.

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5 Balas

RESUMO

70,5 Km Pedalados

3h27 Pedalando

1h08 Paradas

2195 Calorias queimadas

Dificuldade: Moderado

clique no mapa para o track GPS

TLCMAPA

POA (RS) – Mariana Pimentel (RS) – Cascata do Chicão – Pedra Equilibrada (BIKE)

Este post vai ser longo… longo como foi este dia… como foi a pedalada…

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Pedra Equilibrada em Mariana Pimentel

Parti bem cedo, um pouco depois das 6h da manhã, já busquei a rua, em direção ao píer (Barra Shopping) do catamarã, que faz a travessia de Porto Alegre (RS) para Guaíba (RS). Cheguei um bom tempo antes das 07h12min, o horário previsto para o embarque. Fiquei ali sozinho, até próximo das 7h da manhã, quando chegaram outras pessoas que também tinham se programado para fazer a travessia no primeiro horário. Isto fez minha apreensão diminuir, com relação a possibilidade do catamarã não parar neste ponto para o meu embarque.

Para minha grande surpresa, exatamente ás 7h12min o catamarã surgiu, navegando pela ponta do estaleiro. Fiquei mirando a embarcação, aguardando sua proa apontar para o píer. Qual não foi minha grande surpresa quando esta seguiu em direção a Guaíba, sem fazer qualquer movimento que indicasse que iria atracar e pegar os passageiros que por ela aguardavam… Literalmente, fiquei a ver navios…

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Bilhete da passageira que obrigou o catamarã a fazer a escala no Barra Shopping.

Eu poderia ficar descrevendo a minha irritação com o descaso da empresa Ouro e Prata / CatSul, mas vou resumir o desfecho. Felizmente uma das pessoas que aguardavam para fazer a travessia, havia comprado o bilhete com antecedência, e o cônjuge desta pessoa a aguardava em Guaíba. O cônjuge foi pessoalmente na empresa CatSul (em Guaíba) e exigiu que fôssemos resgatados “imediatamente”. Isto ocorreu com quase 1 hora de atraso. O catamarã fez um desvio para que o nosso embarque ocorresse e uma pessoa da empresa veio pedir desculpas, pois exatamente neste dia, sem comunicação prévia da empresa, foram alterados os horários que o catamarã faria escalas no píer do Barra Shopping. Que fique claro que o serviço de transporte é muito bom, mas a comunicação da empresa com os seus clientes e inclusive internamente, a nota é zero, pois eles haviam programado a mudança de horário, e mesmo assim no dia anterior venderam passagem para um horário que seria extinto… Eu que havia visto no dia anterior os horários das viagens do catamarã na internet, me programei com a informação publicada no site, que em nenhum momento informava da mudança programada para o dia seguinte… Fica a dica, quando for fazer esta travessia, faça a mesma saindo do porto (no centro histórico), é maior a chance de você não ficar a ver navios…

Saindo da cidade de Guaíba, asfalto, a estrada até o ponto PE04, é com um generoso acostamento, cujo estado é satisfatório para pedalar. Cruzei com diversas carcaças de tartarugas em um trecho do acostamento. Lembrei da minha última jornada tentando chegar no Bacupari, onde também vi muitas carcaças de tartarugas. O ponto PE04 é onde realmente começa a “aventura”. Não existe nenhuma placa, inclusive este não é o caminho indicado para chegar na cidade de Mariana Pimentel. Porém foi o caminho mais curto que eu tracei para chegar lá.

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Generoso acostamento
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Ponto PE04

A estrada de terra é multifacetada. Trechos lisos e planos. Trechos com cascalho solto. Muitas lombas, subidas e descidas. Como sempre minha previsão de fazer os 100km programados em pouco mais de 5h se mostraram erradas.

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Estrada com trecho de sombra
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Trecho ensolarado

Se você tentar fazer esta trilha, atenção. Eu me considero um bom navegador. Diferente do padre que morreu no mar quando tentou cruzar os céus preso em balões de gás e portando um GPS que ele não sabia operar. Eu, com um GPS operacional na mão, dificilmente passo por apuros. Nunca havia me perdido da forma como ocorreu desta vez. Lembro de uma única vez, quando eu estava aprendendo a lidar com o GPS, em uma travessia em barco a vela de Tapes para Porto Alegre, plotei os pontos de forma displicente, e quase naufraguei na altura da ilha do Barba Negra. Mas isto é assunto para outro post, quem sabe um dia conto esta história, que esta guardada lá no passado, no fundo da memória.

Voltando ao meu erro, o ponto “ERREI”, indica onde eu entrei. Eu deveria ter feito a curva 300 metros depois deste ponto. Porém minha “soberba” não me fez verificar o GPS atentamente, alterar a escala. Na certeza que teria de dobrar a esquerda para chegar no ponto PE05, entrei numa fazenda de eucaliptos. Não havia porteira ou placa, parecia uma estrada. Fui perceber que estava perdido depois de percorrer 30 minutos nesta propriedade. Fiquei “perdido” por 1 hora, percorrendo 6 quilômetros. Durante o meu tempo perdido, tive um pneu furado, e enquanto fazia o conserto, passou por mim uma boiada. Para sair desta situação plotei no GPS a estrada mais próxima e fui reto por entre o “mato”. Minha surpresa. Cheguei ao lado da estrada. Porém uma gigantesca cerca de arame me separava dela. Me senti um imigrante ilegal, tentando entrar no U.S.A. tendo que enfrentar o muro do Donald Trump. Felizmente o mesmo boiadeiro que cruzou comigo levando o gado anteriormente, apareceu por outro caminho, e me indicou a direção de uma porteira. Plotei o ponto “ACHADO”, voltei para o bom caminho.

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Trecho percorrido sem necessidade.
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Dentro da floresta, “perdido”
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Andando no mato
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Cerca de 2m, “anti-imigrante”, ao lado da estrada. Tão perto e tão longe.
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Pneu furado
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Boiada

DICA – Compre um GPS. Aprenda a usar o GPS. Certifique-se ao longo do seu deslocamento, nas mudanças de direção, se você esta no caminho certo.

Depois disso, para todas as bifurcações, chequei exaustivamente o GPS para me certificar estar no caminho certo.

Segui rumo à cidade de Mariana Pimentel. O trajeto é de uma beleza ímpar. O maior problema é o relevo do terreno. Muitas subidas pronunciadas. O Sol de verão castiga o corpo que tenta vencer a lomba. Próximo ao ½ dia, uma pequena pausa para lidar com uma indisposição intestinal. Hoje nada vai me separar de alcançar meu objetivo. Hoje é “Jihad do pedal”, entrei no modo extremista. Falhar não é uma opção. O meu maior receio era perder o último catamarã para Porto Alegre… Mas nem isso me fez desistir.

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Sofri a primeira queda do dia. Parei numa sombra. Deixei o pé esquerdo preso ao pedal e o pé direito apoiado no solo. Fui pegar a garrafa grande de água na mochila. Um pequeno desequilíbrio ocorreu, e BUM. Cai em câmera lenta. Sem maiores danos. Que papelão. Não deveria nem contar isso.

Depois de muito batalhar, cheguei em Mariana Pimentel. Uma pequena cidade. Sem demora, tomei o rumo do meu primeiro objetivo. Cascata do Chicão. Chegar lá, estando em Mariana Pimentel, é barbada. Siga o ponto “CASCCHIC”. Lamentavelmente a prefeitura desta cidade não percebe o potencial turístico da região. Existem poucas placas indicando os pontos de interesse turísticos.

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Observe a entrada da trilha que leva para a cascata. É uma cerca. Para quem já cruzou meio mundo, não é um arame que vai me fazer parar. Avancei e coletei meu primeiro prêmio. Um revigorante banho de cachoeira gelada em modo naturista.

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Entrada da trilha da cascata
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Modo naturista ativado
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Cascata do Chicão

Sem demora me recompus e segui adiante para coletar meu segundo prêmio. A pedra equilibrada. Apenas alguns quilômetros adiante, busque o ponto “PEDRA EQUILIBR”. Novamente falta indicação para chegar ao local. É preciso pular uma porteira, ou passar entre fios de uma cerca eletrificada. Aqui não registrei fotograficamente a porteira / acesso, o motivo, a preocupação em perder o último catamarã do dia para POA.

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Sol, Céu, Sul
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Perfil do relevo do trajeto

Passei pela cerca com aval do dono do terreno. Sim a pedra parece ficar em terreno particular. A foto não traduz com precisão o tamanho desta pedra. Parece pequena. Aconselho a ir ver pessoalmente. É uma pedra muito grande. É intrigante observar como ela se equilibra.

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Levei incríveis 8h21 minutos para chegar no ponto mais distante da trilha. Contando com o atraso do catamarã e meu erro de navegação.

Coletei mais este prêmio, e iniciei meu retorno. Desta vez o relevo estava a meu favor. Cheguei rapidamente em Mariana Pimentel. Parei no único mercado que estava aberto. Junto a ele ficava a rodoviária. Questionei com relação ao horário do próximo ônibus para Porto Alegre ou Guaíba. Isto ocorreu as 15h10. O próximo ônibus partiria apenas as 17:30 para Porto Alegre. Questionei o cobrador, o valor da passagem era R$18,20. Meu orçamento de R$30,00 permitia fazer esta viagem. Pensei por 6 minutos, comprei duas garrafinhas de um suco industrializado e uma barra de chocolate. Decidi seguir pedalando.

Algumas subidas ainda era preciso vencer. Sempre que eu sentia alguma fraqueza, tomava um gole de suco gelado, isso a cada 2 ou 3 quilômetros. Revigorante. Até que, uma segunda queda ocorreu. Em decorrência de uma câimbra absolutamente infernal. Como sempre na panturrilha esquerda. Foi paralisante. Me joguei no chão no meio da estrada de terra. Urrando e massageando a perna. Nesse meio tempo parou junto a mim um carro, um dos poucos que cruzou meu caminho. Uma vez que eu estava atravessado no meio da estrada. O motorista questionou o que houve. Expliquei a situação. Ele me aconselhou a “pegar leve”. Ele ficou me olhando, não sei se queria me oferecer uma carona, ou questionando minha sanidade. Ele não ofereceu a carona e eu não a solicitei. Sai do caminho dele e cada um seguiu o seu ritmo.

Sentia pequenas câimbras nas pernas. Felizmente nenhuma tão forte quanto a que me derrubou antes. Não parei mais. Cada quilometro avançando era motivo de grande comemoração. Quando finalmente acabou o trecho de chão batido, e retornei para a estrada asfaltada, muita alegria tomou conta do meu espírito. Faltava pouco mais de 12 quilômetros para Guaíba. Acelerei o pedal. Consegui manter boa velocidade por pouco mais de 5 quilômetros. E então uma pequena subida… e acabou o gás. “Caiu o disjuntor”. Desmontei da bicicleta. Senti a força acabar. O sinal era claro. Faltava açúcar no sangue. Busquei a barra de chocolate adquirida em Mariana Pimentel, e devorei metade dela. Foi a primeira substancia sólida consumida durante todo o dia. Empurrei a bicicleta lomba acima. Guaíba cada vez mais próxima.

Felizmente a volta, levou apenas 5h30min. Não consegui embarcar no catamarã das 18h25. Ás 18:50 comprei a passagem para as 19:35. Fui para o bar dentro da estação de embarque do catamarã, juntei o que restou de recursos financeiros e consumi tudo que foi possível dentro da minha limitação orçamentária.

Após a travessia, percorri os últimos 5km, para enfim encerrar a jornada em casa. Esgualepado, mas sorrindo.

 

RESUMO

133 Km Pedalados *já descontados os trajetos catamarã

10h00 Pedalando *já descontados os trajetos catamarã

3h47 Paradas intercaladas

4522 Calorias queimadas

Dificuldade: Difícil / Insano

clique no mapa para o track GPS

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Comentários finais…

Levar mais do que apenas uma câmara de reserva. Se o pneu furasse outra vez, eu estaria literalmente em sérios apuros.

Orçamento. Contava apenas com 30 reais. Erro, é preciso levar um pouco mais, quando o percurso é longo. Vou considerar levar o cartão do banco também.

Sai de casa com 2 litros de água, e 2 litros de achocolatado. No caminho, solicitei mais 2 litros de água. Comprei duas garrafinhas de suco industrializado e uma barra de chocolate. Foi tudo que consumi durante este dia.

Meu erro de navegação não me permitiu visitar uma segunda cachoeira.

Pense em talvez ir de carro até Mariana Pimentel e de lá fazer uma trilha reduzida. Para quem não aguenta pedalar grandes distâncias, fica a dica.

Em uma próxima vez em que eu cruzar com uma tartaruga morta, vou dar meia volta e abandonar o pedal. Vou considerar isto um sinal de mal presságio. Ou não.

 

Litoral Sul e Lagoa do Bacupari (fail) – Bike

É difícil começar a narrativa desta trilha. Em determinados momentos eu questionei minha decisão de percorre-la. Beirou a insanidade… Ai vai o relato.

No final do ano passado (2015) em uma conversa informal com pessoa de minhas relações, o Luis Fernando, comentou ter passado momentos agradáveis na Lagoa do Bacupari. Durante nossa conversa ao telefone, imediatamente já busquei na internet mais informações com relação ao local. Lá foi plantada a semente que no dia 1º de fevereiro de 2016 enfim germinou.

Parti logo cedo ás 6h da manhã. O meu plano, pedalar os 65 quilômetros de Tramandaí até a Estrada das Garças, para chegar na Lagoa do Bacupari. Calculei que levaria em torno de 4 horas para fazer o percurso. Pelo fato de estar pedalando na areia, pela beira da praia. (Obs. Em asfalto, 60 km faço em pouco mais de 2 horas). Saindo cedo evitaria o Sol.

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Estrada das Garças, uma linha imaginária sobre dunas de areia.

“Misericórdia”, levei 5 horas e trinta minutos para percorrer estes malditos 65 quilômetros. Com o dia amanhecendo logo que entrei na faixa de areia da praia, rumando para o sul, percebi no rosto o sopro do vento contra… Não desanimei. Já passava pela praia de Cidreira quando o dia raiou em sua totalidade. Neste momento o vento pareceu se intensificar. Mas minha decisão estava tomada, eu prosseguiria a todo custo. As praias iam ficando para trás, Pinhal, Magistério, e passei por Quintão. Aqui mais um adversário se apresentou com toda sua fúria. A areia “fofa”.

Tentei pedalar próximo a linha do mar, tentei próximo as dunas, em toda a extensão da praia. Sempre havia um trecho de areia que enterrava o pneu da bicicleta, e freava meu deslocamento, me obrigando a desmontar e empurrar. Sempre acompanhado do vento contra. Pedalar acima das 15 km/h era uma alegria. Meu avanço era pífio, se comparado ao esforço que eu fazia.

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Observe o gráfico do perfil do terreno. Não houve nenhum trecho plano.

E assim pelos próximos 30 quilômetros. Um batalha para cada quilometro vencido.

Deixando um pouco de lado minha luta para progredir. Interessante, observar somente após a praia de Dunas Altas uma faixa do litoral gaúcho com quase nenhuma pessoa. Todo o resto do trajeto se encontra diversas pessoas, pescando, passeando, “praiando”. Outra curiosidade, contei mais de 10 carcaças de tartarugas ao longo do percurso. Infelizmente algum erro ocorreu no meu smartfone, que não registrou todas as fotos da perna de ida. Lamentável o fato.

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Uma das carcaças que observei no caminho, esta era particularmente enorme. Não sei se era uma tartaruga “gigante” ou outro animal marinho.

Voltando a batalha da trilha. Os últimos 15 quilômetros foram um verdadeiro suplicio. Não existia areia compactada que permitisse pedalar por mais de 500 metros. O Sol veio com toda a sua força. O vento era cruel e contra. Os constantes desníveis da areia. Mas desistir não era uma opção.

Enfim o GPS apontou a chegada na estrada das Garças. Agora bastavam mais 6 km em direção oeste. Iniciei o avanço nesta estrada. E outro golpe duro. A estrada nada mais é do que uma linha imaginária que cruza 6 km de dunas. Aqui parei para considerar as opções. Pesei o que passei e o que viria a passar no retorno, as condições adversas, inclusive fiz um vídeo neste momento. Ao finalizar o mesmo percebi diversos carrapatos grudados em minhas pernas ávidos por sangue. Foi a gota d´agua. Arranquei os bichos de minhas pernas e iniciei o retorno para Tramandaí.

 

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Percorri um trecho da Estrada das Garças. Até o ataque dos carrapatos.

Felizmente o vento agora era favorável. Porém a areia seguia a mais traiçoeira dos oponentes. Eu pensava somente em uma sombra que eu havia vislumbrado próximo ao Farol de Berta, que fotografei, mas a foto misteriosamente desapareceu da memória do smartfone.

Aqui nesta sombra almocei. Duas barras de Kit-kat e um litro de achocolatado.

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Sombra na praia de Dunas Altas
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Observe a intensidade do Sol

Prossegui voltando, porem não foi fácil. O sol já deixava marcas em minhas pernas e mãos desprotegidos.

Em Cidreira, uma nova parada longa. Parei numa sobra da guarita 177, olhando a plataforma e os 20 km que me separavam de Tramandaí, destino final. Foi difícil, muito difícil estes quilômetros finais. Porém venci.

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Nova parada em Cidreira, o final esta próximo

Não recomendo essa aventura. É por demais penosa. Se for fazer, escolha outra estação que não o verão. Eu não faria novamente, a menos que houvesse um premio milionário por concluir a percurso.

Parece mais um desabafo que a descrição de uma trilha. Enfim, em outro momento vou conhecer esta lagoa, mas não sei se vai ser pedalando.

RESUMO

133 Km Pedalados

9h09 Pedalando

2h02 Parado

3330 Calorias queimadas

Dificuldade: Difícil / Insano

clique no mapa para o track GPS

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Observações finais:

A maior motivação para pedalar na areia foi a possibilidade de não utilizar o capacete.

Se eu prosseguisse na Estrada das Garças, seria caso de internação…

Eu sei que o perfil do pneu da minha bicicleta não é apropriado para andar na areia. Enquanto não tenho um patrocínio que permita adquirir diferentes bicicletas para diferentes usos, a atual vai ter que aguentar o tranco.

Você não imagina a alegria de ver a plataforma de Tramandaí, que sinalizava o fim da jornada…

Tramandaí – Osório (Borussia – Mirante – Rampa Voo Livre) – Bike

Despertei três minutos antes do despertador sinalizar 6h. Tríade bermuda / tênis / camiseta. Um copo de água, e parti. Iniciei a pedalada com o dia raiando. O céu nublado. Rumei em direção a RS-030, que liga Tramandaí com a cidade de Osório. É uma pedalada curta, em torno de 25km. O acostamento na direção Tramandaí – Osório, não tem um bom estado de conservação. Andando sobre a linha que divide a estrada do acostamento foi possível alcançar velocidade boa, 30km/h.

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Chegando a Osório, busquei a passarela para cruzar a estrada, na junção da freeway com a br-101. Logo em seguida se inicia a “escalada” no morro da Borussia. A subida é bem pronunciada. A estrada não possui acostamento. Felizmente existem sinais ao longo de todo o trajeto, para lembrar os motoristas que devem dividir a via com os ciclistas. Fiz diversas paradas ao longo da subida. Enfim venci a subida em aproximadamente em 40 minutos.

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Passarela sobre a estrada

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O mirante estava vazio, logo cedo pela manhã. Ele ficou inteiramente a minha disposição pelo tempo em que fiquei contemplando a vista. Infelizmente o dia nublado não permitiu ver o até o “horizonte”.

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Como o mirante não fica no final da estrada, continuei subindo… Até chegar na rampa de voo livre. Lá encontrei um único ser, com seu som peculiar. Um tucano, em seu habitat natural, Infelizmente minha câmera não tem um zoom aceitável . Acredite, esta mancha colorida é um tucano.

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Rampa de decolagem
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Bem no centro da foto, o tucano.

A descida durou apenas 6 minutos. Contra 40 minutos subindo… Lembre de revisar os freios antes de encarar a ladeira.

A volta para Tramandaí, vento contra e Sol fritando o lombo… Foi lenta e deixou marcas na nuca… queimou um pouquinho… mas nada que impeça de pegar a estrada no dia seguinte.

 

RESUMO
54,3 KM Pedalados
2h42 Pedalando
51 minutos parados
1812 Calorias queimadas
Dificuldade: Moderada
 

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Trilha

 

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Perfil da subida

Pedalar é fácil…

Difícil, muito difícil… é achar peças de reposição para bicicletas em lojas de peças para bicicletas. Irônico, mas é verdade. Após muitos quilômetros rodados com esta bicicleta, estimo acima de 7.000 km, chegou um ponto em que ela parou e “pediu” uma revisão maior. Eu já havia feito pequenas substituições separadamente, câmbios, correia, movimento central, eixos. Desta vez foi mais ampla a reforma, tudo junto.

Pneu, Correia, Pinha, Câmbio Traseiro, Coroa… Aqui abro um parêntesis e peço atenção especial a este item. Coroa. O desgaste dos dentes da coroa fazia com que a correia deslizasse sem tracionar. Parti inicialmente em busca deste item. Descobri que existem variadas configurações de coroas, com furações distintas, 4 ou 5 furos, e diversas medidas entre estas furações, o tal do BCD.

Depois de pesquisar e consultar “especialistas”, descobri que eu precisava da Coroa Central de uma tripla (pedivela com três coroas), com 42 dentes de BCD 130… Dito isso fui apresentado a chamada “mosca branca”. Não existe a peça. Tentei inclusive contato com o fabricante da bicicleta, e até agora nada…

Procurei, procurei, liguei para praticamente todas as lojas de bicicleta de Porto Alegre e região. Rodociclo, União do Ciclista, Casa Catraca, Cia do Ciclista, Espaço do Ciclista, Bike Sul, LMP Munhoz, Beto´s Bike, Dudu Bike, Estilo Bike, Maraschin, M.Bike, Biketech, Perna Bike, Gaúcha Bike, Pedalokos, Adventure Bike, Caçamba, entre tantos outros… Ninguém tinha a tal coroa de 42 dentes. Quando o vendedor escutava a peça solicitada, já respondia “Xiiii, é peça que não tem no mercado”, “Difícil achar” e por ai afora…

Quem escutava meu questionamento ao telefone ria… Fazia piada, me oferecia a Sogra, que era “Coroa, mas tinha apenas uns 10 dentes…”

Prossegui. Não desisti. Não encontrei minha coroa de 42 dentes com BCD 130. Porém encontrei uma de 39 dentes na furação e BCD corretos. Comprei e instalei. Perdi 3 dentes da Coroa. Mas este problema foi resolvido.

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Coroas sobrepostas, a velha sobre a nova. A diferença na forma dos dentes…

Agora a busca é pelas outras duas Coroas de 52 e 30 dentes. Aceito dicas e indicações de onde encontrar… Pois estas devem ser substituídas em breve.

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Coroa de 39 dentes devidamente instalada entre a de 52 e 30 dentes

A bicicleta esta quase pronta, faltam os freios e o câmbio dianteiro. Acredito que logo vou conseguir sanar estes últimos detalhes e enfim voltar a pedalar e compartilhas novas trilhas por aqui.

Juliano Bonotto

Curioso & Bizarro

 

 

Pedalo bastante, por diversos locais. Com relativa frequência, me deparo com cenas curiosas.

Algumas destas cenas eu guardo apenas na memória.
Outras eu registro.
Abaixo compartilho algumas…

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Gato é mato

Este é o novo modelo de ligação que a elétrica exigido pela agência reguladora?
Creio que sim, é a eletricidade no tempo da “Big Data”, tudo conectado junto ao mesmo tempo agora.

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Segurança reforçada em uma das caixas de luz. Para evitar problemas com ligações clandestinas.

 

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Vaca na parada. Perguntou qual é a linha que não passa pelo açougue?
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Lembra uma música… Sentado à beira de um caminho.

 

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Faltou tijolo? Use televisores. Empilhe vários, tem o mesmo efeito. Uma linda parede de TVs.

 

 

 

Opções Gastronômicas
Em Porto Alegre duas opções:

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Na Cidade Baixa, bairro boêmio… ou não.
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Churrascaria Barranco, uma referência gastronômica na mesma cidade.

Devem ser fotos bem antigas dos locais…

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A casa da Bruxa. Basta dar um zoom na foto, tem até telefone.

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Eventualmente, faço paradas em “lojas de conveniência”, para adoçar o sangue, comprar um chocolate. Em uma destas boas lojas do ramo, encontrei a disposição do público um delicioso “joelho de monstro”. Deve ser uma iguaria ímpar.

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Para finalizar o recorde brasileiro de salto em distância com moto.

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Olhe próximo as copas das arvores. Você vai ver a moto voando.

Casualidades. Pedalando, pelo bairro Hípica em Porto Alegre, cheguei ao local onde iria ocorrer o salto de moto que quebraria / estabeleceria recorde brasileiro de distância. Isto em 2011, e desde então o recorde se mantém. Link abaixo.

http://www.rankbrasil.com.br/Recordes/Materias/06Q_/Mais_Longo_Salto_De_Moto

Nesta data, ajudei o piloto a preparar a rampa, com pá e enxada. Loucura. Cedo pela manhã ele preparou a rampa e próximo ao ½ dia ele saltou. E conquistou o recorde. Fiz uma foto no exato momento em que ele cruzava rumo a sua conquista. Tudo muito “amadoramente profissional”.

Canal da Macumba – Bike

Acredito que achei uma nova trilha distante 40km da Zona Sul de Porto Alegre. Marquei o ponto e parti em busca de reconhecimento do local. Comecei a pedalar nesta manhã gelada e ao fazer uma troca de marcha, o cambio traseiro perdeu funcionalidade. Put* mer**. Fiquei com a marcha “presa” na catraca menor, a “mais pesada”.

Segui pedalando em marcha lenta, em direção ao meu destino, calculando como seria pedalar tamanha distancia sem possibilidade de troca de marcha… Decidi encurtar a pedalada. Faria apenas 20km. Segunda vez consecutiva que não consigo alcançar objetivo traçado…

Foi então que eu parei para revisar a correia sobre a ponte que faz divisa com o bairro Ponta Grossa. Olhei para o canal que cruzava embaixo da ponte. Olhei uma pequena trilha, que seguia paralela a este curso d’agua. Intempestivamente resolvi percorrer a mesma.

LINK PARA O TRACK DO GPS, CLIQUE AQUI.

Passei a percorrer a trilha. E logo no primeiro quilometro, um susto. Um crânio humano jazia no solo, sobre a grama. Arregalei os olhos. Parei e me aproximei. Averiguei. Felizmente se tratava de uma réplica em cerâmica. Ao observar o local, vi sinais de um “despacho”, “macumba”. E batizei o local, Canal da Macumba.

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Crânio

Segui pedalando, melhor, empurrando a bicicleta. Impossível pedalar pela trilha fechada e com a marcha pesada engatada. O receio de encontrar os “macumbeiros” e a dificuldade de percorrer a trilha, confesso, tornaram esta visita ao local não muito prazerosa. Muitos mosquitos, barro, vegetação molhada, canela batendo no pedal e em tocos de arvores, ufa…

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Teia de aranha
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Canal da Macumba, devidamente batizado.
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Trilha fechada

Valeu o fato de testar o novo “calçado” que adquiri para pedalar. Uma chuteira de salão. Com as travas do solado que “agarram” o pedal e auxiliam no equilíbrio quando caminho por solos escorregadios. Fica a dica.

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Não é um local que eu indico para visitar, embora olhando agora em fotos de satélite, existe um potencial no local para uma possível próxima incursão.

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Cambio “solto”
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Tartaruga nadando

Enfim, após a revisão da bike, vou partir em busca da trilha que hoje eu não percorri. Mas fica para um próximo post esta história.

Morro do Sabiá – remada

Amanhece um novo dia. O plano é simples. Morro do Sabiá, Ponta da Serraria e Ponta Grossa. Três destinos, uma remada. Partida foi logo cedo pela manhã, antes das 7 horas. Chegar próximo ao Rio Guaíba na cidade de Porto Alegre é por si só uma alegria. Há quem tenha “nojinho” do Guaíba, eu particularmente adoro o rio, que tantas alegrias já me proporcionou.

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Rio Guaíba

Chegar à beira do rio não é tarefa fácil, no ponto escolhido por mim. Mas é o melhor em termos de proximidade com o local em que o caiaque fica guardado. É preciso fazer um trilha nada amigável carregando o “pesado” caiaque.

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Adaptei uma “alça de ombro” com cabo / corda e alguns nós “lais de guia”, que aguentam a pressão e são fáceis de fazer e desfazer.

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Morro do Sabiá – primeira parada

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O Morro do Sabiá era uma área privativa, porém aberta a visitação pública, da Fundação Rubem Berta, proprietária da VARIG, o que foi uma das maiores companhias aéreas do mundo, cuja origem era gaúcha. Que acabou atropelada pela concorrência, decisões gerenciais entre outros fatores. Uma lástima.

Hoje creio que o Morro do Sabiá é uma área particular, com acesso restrito. Creio que de propriedade de uma rede de ensino. Outra lástima. Um espaço tão bonito, inacessível para 99,9% da população.

Voltando para a remada, segui em direção a Ponta da Serraria, o segundo ponto a ser visitado. O vento de popa me auxiliava no deslocamento. Porém este mesmo vento provocava ondulações de considerável tamanho. Cada vez que uma onda passava por baixo do caiaque, o desestabilizava. Fui obrigando a acelerar a remada para equilibrar a embarcação-zinha.

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Clique no mapa para ver o track do GPS

Não atingi os demais objetivos. O tempo não permitiu. Eu tinha compromissos as 9h30 da manhã. Calculei que na volta eu iria remar no contra-vento, e contra as ondas. O que faria o tempo de remada ser maior no trajeto de retorno.

Minha suposição se confirmou. Foi uma remada vigorosa contra os elementos vento e ondas. Mas muito satisfatória. São nestes momentos em que eu costumo cantar. Felizmente não tenho plateia.

Aqui um link para um pequeno vídeo da remada no youtube.

 

Ilha das Pedras Brancas (Presídio) – Remada

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Guarita sobre as pedras brancas

O tempo passou e a vontade cresceu. Retornei para água. Fui para regata no mês passado, e enquanto embarcava no veleiro, lá no cantinho o caiaque ficou me olhando. Chamando baixinho… – Ei olhe para este lado. Vem para uma voltinha… Não atendi o chamado… Até o dia de hoje 08/11/15, um baita domingo de Sol sem vento. Parti cedo. As 7h da manhã eu já estava na beira do rio Guaíba. Vencidos os trâmites variados, consegui partir ás 8h em direção a Ilha das Pedras Brancas, também conhecida como ilha do Presídio. A ilha tem este nome por ter abrigado um presídio político no tempo da ditadura. Hoje esta estrutura esta desabitada e desabando. Uma lástima.

LINK para o trajeto do GPS – VEJA O TRAJETO

Saindo da Vila Assunção, já é possível ter a visada da ilha. Basta colocar o bico de proa na direção dela e remar. O dia perfeito, sem vento e sem ondas. Meu velho caiaque tem o fundo chato, o que o torna muito instável em aguas agitadas.

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Ilha ao fundo
Muito próximo...
Muito próximo…

Remada tranquila, em menos de meia hora venci o trajeto de 3km até a ilha. Uma alegria. É impressionante, mas somente o fato de chegar ao objetivo, a ilha me fez abrir um largo sorriso, mesmo já tendo feito esta travessia inúmeras vezes. Note que não é preciso ser o “Rambo” para realizar esta travessia. Basta um pouco de preparo físico, um colete salva-vidas, uma garrafa de água e vontade. Não sou um remador costumaz.

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Distância e tempo

Parti para a pequena baia para o desembarque, e uma surpresa. Na ilha estavam acampados uns 6 a 7 navegantes. Pescadores, com o seu barco atracado no trapiche. Fui convidado por um deles para desembarcar em terra e provar o peixe que eles haviam assado. Ofereceram também um gole de cachaça, entre diversas ofertas. Recusei educadamente todas elas, depois de me aproximar e ver que um deles estava com o rosto “desfigurado”. Parecia ter levado uma bela surra. Enquanto me afastava me questionaram a direção da Usina do Gazômetro, informei o rumo e me fui.

Parti para uma volta na ilha, remando. Neste intervalo de tempo eles partiram do local. Uma vez a ilha vazia, desembarquei. Feito o devido registro fotográfico, parti em direção a Pedra Redonda, meu destino final.

Prédio abandonado. Isto deveria virar ponto turistico. Com restaurante, transporte aquaviário... Sonho
Prédio abandonado. Isto deveria virar ponto turístico. Com restaurante, transporte aquaviário… Sonho. Observe no canto esquerdo o desfoque. Entrou agua na lente da câmera, que não é “waterproof”.

O vento e pequenas ondas se fizeram sentir neste trajeto. Nada assustador. Remada vigorosa. Sorriso no rosto. Diferente da primeira perna, em que é possível observar trajeto reto em direção a ilha a volta foi um pouco sinuosa. Uma vez que eu não marquei o ponto de desembarque final, e era difícil precisar o mesmo ao largo da costa. Somente ao me aproximar da terra é que foi possível seguir para meu rumo final.

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O saldo, extremamente positivo. Um sorriso no rosto pelo resto do domingo. Dureza foi ter de carregar o caiaque por quase 1km por terra. Mas isto é outra história.