Ponta do Arado – Remada

Recebi um convite, de uma ONG, para participar de uma “remada” rumo ao Morro/Ponta do Arado (bairro Belém Novo, Porto Alegre – RS). Com o objetivo de “abraçar” simbolicamente este local, que recentemente foi vendido para uma empreiteira, que pretende construir nesta “área nativa” um condomínio de casas. Pode ser uma das últimas oportunidades de ver o local em sua forma natural.

Contextualizando, a Ponta do Arado, era propriedade e serviu de morada ao jornalista Breno Caldas, filho de Caldas Junior. Breno que esteve à frente do jornal Correio do Povo (publicação diária e o jornal “referência” na sua época), “faliu” durante sua gestão. Os motivos, deixo para você fazer a busca e tirar suas conclusões.

A “remada coletiva” não se concretizou. Porém a minha vontade de realizar a mesma era imensa. Escolhi a data e parti sozinho.

Era sábado pela manhã. As 5h da madrugada, consegui finalmente colocar dentro de um carro compacto o caiaque. Levei 30 minutos para realizar a manobra, buscando a melhor configuração.

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Remando antes do amanhecer

Pouco depois das 6h, caiaque na água, remada em direção ao aglomerado de pedras no Rio Guaíba, metade do caminho para Ponta do Arado. Aqui estava programado o desjejum matinal. Durante esta “refeição”, que alegria ver o Sol nascer com toda sua força e seu colorido, anunciando um novo dia.

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Aglomeração de pedras no Rio Guaíba
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Desjejum matinal, que local…

Finalizada esta etapa, segue a remada. Aqui cabe ressaltar, os “perigos” do Rio Guaíba. Próximo as pedras, raspei o fundo do caiaque diversas vezes em pedras submersas à flor d’água. Embarcações de maior calado, é desaconselhável explorar a área, sem uma carta náutica atualizadíssima. Outro risco são as redes de pesca, sem sinalização, que são colocadas no rio. Passei sobre uma. Felizmente meu calado e quilha são pequenos, não fiquei preso, como já ocorreu outras vezes em que estava velejando em barco quilhado com bulbo, ficando este preso na rede. Fique atento!

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Rede de pesca

Pouco mais de 2 quilômetros de remada, cheguei em uma praia na Ponta do Arado. Realizei pequena expedição no local, pois estava com os pés descalços. Não me aproximei da casa de Breno, com receio de encontrar algum cachorro, ou algo do gênero.

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Desembarque na Ponta do Arado

Voltei ao caiaque. Durante a remada de retorno a câmera foi batizada. A ventosa que segurava ela se desprendeu. Felizmente, utilizo uma corda presa nela. Facilmente recuperei o equipamento.

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Vento entrou, formou ondas. Caiaque furando onda, “mergulhando”

Com relação a remada, esta é na minha opinião, bastante fácil. A distância é pequena, é possível orientar-se utilizando pontos notáveis em terra. Enfim “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Finalizei a remada, recolhi o equipamento e pouco depois das 8h30 minutos da manhã já estava em casa, para “curtir” o final de semana em família.

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Recolhendo o equipamento

 

Sucesso!!

Juliano Bonotto

RESUMO

6,68 Km percorridos

1h44 tempo total remada + trilha

Dificuldade: Média

Clique no mapa para visualizar o trajeto GPS

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Pelotas – Porto Alegre (RS) – Travessia

 

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A face do frio

Era sexta-feira dia 29 de abril. Tudo indicava para um final de semana tranquilo. Eu estava começando a planejar um possível destino para um pedal “curtinho”. Havia também um festão de um grande amigo no sábado. Tudo evidenciava um final de semana “normal”. Até que o telefone toca no meio da manhã…

Resumindo

Sexta-feira

10:00 – Velejador Cristiano Hanke convida para travessia Pelotas – Porto Alegre. O barco do comandante Paulo Angonese encontra-se lá após participação em regata local.

Ambos estes velejadores dispensam apresentações, Cristiano pela sua reputação em regatas, Paulo pelas regatas e pelo seu espirito explorador, que tem em seu currículo náutico praticamente todas as lagoas e recantos do “Mar de Dentro”.

12:00 – Retorno a ligação com a minha recusa em participar da travessia. Em função da família e da festa.

13:00 – Em nova ligação Cristiano, me comunica que não aceita minha recusa. Aceito o convite.

Sábado

15:00 estávamos embarcando em ônibus de Porto Alegre para Pelotas.

20:00 embarcados e soltando as amarras do Kauana III, um belo Muller 315.

Vencemos o Canal de São Gonçalo, 5 milhas, em 55 minutos. Decidido foi que passaríamos a noite ancorados na junção do canal com a Lagoa dos Patos.

Domingo

5:30 o dia amanhecendo e chimarrão, recolher a ancora e partir.

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Crepúsculo Matutino – motivo de muitas discuções

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A previsão do vento, sábado era de rajadas próximas a 30 nós, diminuindo no domingo. E diminuiu muito rápido. Içadas as velas, com o motor ligado. O vento era praticamente inexistente.

Faina a bordo, foi mínima.

O lado positivo é que a Lagoa dos Patos estava sem ondas. O frio porém esteve presente durante todo o percurso.

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Sol marcando presença cedo pela manhã
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Balão subiu
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O “varal”
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Piano

 

Faces do Frio

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Cristiano Hanke
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Paulo Angonese

A vigília durante a noite foi a parte mais dura. Frio, escuro. O piloto automático mantinha o rumo correto. Porém era preciso estar atento a eventuais embarcações e possíveis obstáculos. Em um dado momento, fiquei sozinho no cockpit, os demais tripulantes formam descansar, ou se abrigar do frio. Não sei quanto tempo fiquei só, recordo de ficar até as 4h da madrugada, quando entreguei o posto ao Cristiano.

Navegar durante o período noturno, é questão de confiança. É preciso confiar nos equipamentos que nos servem de guia. Questionar também a acuracidade dos mesmos e se estes foram programados corretamente.  Pois não vemos quase nada do que esta à nossa frente. Seguimos os pontos plotados no GPS. É uma navegada “cega”.

A chegada em Porto Alegre, no clube dos Jangadeiros se deu exatamente as 6h da manhã de segunda-feira. Após colocar as amarras em posição, segui para casa, banho e escritório. As 7:30 eu já estava trabalhando. Quanto ao sono. Esse ficou para depois.

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Chico, levei comigo o convite da tua festa. Grande abraço para o amigo!!

 

RESUMO

143 mn navegadas

1 dia 9h46m embarcado

Dificuldade: Moderada

1 sorriso no rosto

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Clique no mapa para o track GPS